Designa-se assim o grupo de doenças que têm a sua origem no aparelho locomotor e que afecta as estruturas próximas das articulações, como os tendões e as bolsas serosas.
Um tendão é uma espécie de “elástico” que une os músculos aos ossos. A sua função é a de transmitir aos ossos os movimentos gerados pelas contracções musculares. Possuem uma estrutura fibrosa muito resistente, que lhes permitem suportar grandes tensões, sem se romperem.
É uma espécie de “almofada” repleta de uma pequena quantidade de líquido, cuja missão é facilitar o deslocamento dos tendões ou da pele sobre as estruturas ósseas vizinhas. Se não existissem, os movimentos repetitivos produziriam um roçamento contínuo do osso sobre a pele ou o tendão, que poderia lesionar ou, inclusive, romper estas estruturas.
A tendinite é a inflamação de um tendão e a bursite é a inflamação de uma bolsa serosa.
Existem muitas causas que podem provocar a inflamação de um tendão ou de uma bolsa serosa. Frequentemente, são os microtraumatismos repetitivos sobre as ditas estruturas, produzidos durante as actividades normais da vida diária, os responsáveis pala inflamação. No entanto, podem ter lugar no contexto de uma gota ou de outras doenças articulares geradas pelo depósito de cristais macroscópicos. Ocasionalmente, é uma infecção local a responsável pelo processo inflamatório. Existem, por último, doenças reumáticas que afectam, de modo generalizado, muitas estruturas, podendo provocar tendinites e bursites.
As tendinites e as bursites diagnosticam-se a partir dos dados fornecidos pelo doente, sobre as características da sua dor, bem como mediante uma exploração minuciosa do aparelho locomotor. O reumatologista é perfeitamente capaz de chegar a um diagnóstico preciso, através do interrogatório ao doente e de um exame físico de rotina.
É habitual que, numa tendinite, as radiografias não mostrem alteração nenhuma. Noutras ocasiões, é possível detectar depósitos de cálcio no tendão.
Localizam-se mais frequentemente: na rótula – bursite prepatelar; atrás do cotovelo – bursite olecraniana; prócimo de um joanete; junto ao ombro – bursite subcromial; ou na nádega – bursite glútea ou isquiática.
Embora qualquer tendão possa ver-se afectado, os que, com maior frequência, apresentam tendinites são os que rodeiam o ombro, os que “servem” os dedos das mãos, os que rodeiam a anca, os dos joelhos e o tensão do calcanhar.
Antes de iniciar o tratamento, o reumatologista deve investigar certas características do liquido que se encontra no interior da bolsa inflamada, já que uma bursite pode produzir-se como consequência de uma infecção, de uma gota ou de outras doenças reumáticas.
Existem alguns dados que permitem suspeitar da origem infecciosa de uma brusite, nomeadamente a presença de febre elevada, calafrios ou vermelhidão importante da pele vizinha.
Se, na análise do liquido da bolsa, se isola algum micróbio, estabelece-se o diagnóstico de bursite infecciosa, também chamada séptica ou bacteriana. O tratamento consistirá, então, na drenagem do liquido, na utilização de antibióticos e no repouso da zona onde se produziu a bolsa.
Para o reumatologista, é muito fácil saber se a bursite foi produzida pelos cristais de urato, graças a um microscópio especial, que lhe permite ver se o liquido extraído contem cristais microscópicos.
Trata-se mediante o repouso da zona afectada e a utilização de anti-inflamatórios. São especialmente eficazes as infiltrações locais, tratamento levado a cabo pelos reumatologistas.
Basicamente, consiste na introdução de um agente anti-inflamatório dentro da própria bolsa serosa ou nas proximidades de um tendão. Produzem uma melhoria muito rápida da dor e da tumefacção e, devido à sua acção local, não apresentam os frequentes efeitos secundários dos medicamentos anti-inflamatórios administrados por via oral, como a dor de estômago, as náuseas e os vómitos.
É a inflamação do tendão de Aquiles, que se localiza na parte posterior do calcanhar. Trata-se do tendão que suporta as maiores tensões ao caminhar e ao correr, pelo que é frequente o aparecimento de tendinites, após longas caminhadas ou depois de realizar actividades desportivas. Manifesta-se sob a forma de uma dor intensa, na zona posterior do calcanhar, a qual desaparece com a restrição da actividade e o uso de fármacos anti-inflamatórios. As infiltrações locais nesta zona comportam um risco elevado de rotura e devem ser realizadas com muita precaução. Outras possibilidades terapêuticas são a iontoforese – introdução, por meio de correcta eléctrica, de substâncias terapêuticas diversas nos tecidos, para fazê-las chegar às zonas lesionadas - , assim como a aplicação de ultra-sons ou laser.
Depende da causa que a produz. Se é devida a microtraumatismos, provocados por actividades repetitivas, é necessário modificar esses hábitos, de modo a que a lesão não reapareça. Por vezes, o doente apresenta uma tendência para a acumulação de sais de cálcio nos tendões e, nestes casos, é típica o aparecimento de tendinites em múltiplas localizações e de modo reiterado. Por último, a tendinite pode produzir-se no contexto de uma doença reumática.